A penumbra alastrava-se dentro de si mesma sem invadir a lâmina de luz que a atravessava. Diante deste fratricídio imagino que mesmo que a lâmina adentrasse ainda mais as entranhas negras de sua irmã esta se resignaria, calada, pois diante do deplorável estado em que se encontrava, a dor significava seu resquício vital no escuro.
E isso bastava para que a escuridão agonizante revoluteasse e arranhasse as paredes de seu próprio conforto, de sua própria casca vaporosa e gozasse dos seus minutos de vida antes de retornar ao mormaço da noite.
Amparada pelas paredes de cimento descansou e permitiu-se abrir pelo aço de luz. E sentindo na ausência de qualquer coisa a presença de tudo em um êxtase elétrico, a escuridão amou a dor. E amou a luz. E amou a si mesma fazendo da lâmina o seu lago de narciso.
E ele viu que aquilo era bom.
E de seu ventre aberto emergiu sorrateira uma lagarta verde que divina atravessou a lâmina. Uma deusa prototípica de mil pernas que se dissipou etérea ao término de sua peregrinação na luz. E sua fumaça esbranquiçada enroscou-se nos fios invisíveis do aço luminoso, sendo absorvida e apreciada pela irmã homicida.
E a luz converteu-se.
A fumaça da lagarta a fez convulsionar, revolver, reverberar, refletir e esmorecer. E foi esmorecendo. Lentamente. E os olhos fechavam como mortes de duas papoulas. Uma viciada em ópio divino. Ópio de seda. Ópio de lagarta. E enfraquecida a luz volveu-se
Por que um dia do rasgo mole de seu ventre lhe brotariam Vespas.
E Elas seriam feitasDe luz.
Um comentário:
vigi! meio profetico demais... sei lá, gostei nao hehehe... mto formalhudo... nao sei, prefiro alicia hahahahah =PP
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