segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Isadora

contorcida naquele dourado contrastante com o estofado verde-musgo, me olhava a cadeira com ar desengonçado. ela que já possuira em seus braços sinuosos o corpo de isadora. seu tecido sedoso, seu aspecto clássico, seus contornos descontornos repletos de revoluções que retratam a superficialidade de luís xv. luís xv e suas rosadas bochechas afeminadas.

mas não, não deixemos isadora, que as bochechas de luís xv hoje se desfazem na frialdade inorgânica do barro de um pântano qualquer, mas a frialdade de isadora permanece esculpida no rosto de vidro que lhe foi dado por seu criador de barro.

agradeçamos meus caros, agradeçamos pela graça que é termos a nossos olhos a prova concreta da existência divina em olhos, seios, lábios, hormônios e suores e gemidos e beleza.

e suspiros e delicadeza. e elucumbram as mais distantes idéias em minha cabeça ébria por realizar que isadora hoje não está sentada na cadeira. e isadora hoje não se veste de cetim e brinca com uma taça de vinho nem me apunhá-la com aquele olhar de lança que excita e que alcança o mais profundo do profundo. um âmago amargo provo eu agora ao perceber que minha isadora demorava os dedos diáfanos por sobre o copo a espiar as horas corridas no relógio do salão.

Um comentário:

Unknown disse...

gostei, pq achei ambíguo, isadora ambígua, de uma dorma legal, mas que podia ser melhor.
acho q todo o txtr tem certo potencial mas podia ser melhor.
gostei da imagem da cadeira.
gostei da ultima frase.
gostei do contraste entre luis e isadora.
adorei a frase: e elucumbram as mais distantes idéias em minha cabeça ébria por realizar que isadora hoje não está sentada na cadeira. ré. ficou foda isso.
achei o txt como um todo legal mas que podia ser melhor, e ter um desfecho mais desfechoso, hehe. =)